2007-10-30

O outro lado


Minha permissão de trabalho - só um pedaço, por segurança.



Até agora, tenho mostrado o lado turista da minha vida aqui. Creio que é isso que se quer ver: curiosidades, lugares bonitos. Minha rotina - ou o que não aparece no blog - é igual à daí; logo, não é tão interessante. Pode parecer então, pelo blog, que viajo toda semana.

Marcia veio pra cá como bolsista de uma Instituição chamada Humboldt. Eles dão, além da bolsa, uma viagem de 12 dias pela Alemanha, com acompanhante. As datas nas últimas postagens dizem: ela foi em agosto. E ainda tenho parte dela pra colocar aqui. Viajamos mais no primeiro semestre, e lamentamos não poder ser ainda mais, porque... sabe lá quando teremos outra oportunidade igual!?!

Mas hoje vou falar sobre trampo. Aqui é diferente dos EUA, por exemplo, que tem facilmente muito trabalhador pirata. Mesmo pra quem quer trabalhar em profissões mais simples, a coisa é mais difícil, porque é tudo mais controlado e é preciso ter um mínimo de conhecimento da língua. Se você não for nativo de um país da União Européia, ou casado com alguém nessas condições (felizmente, Marcia tem passaporte alemão), é ainda mais complicado. Tive uma experiência relatada aqui, em postagem da semana passada: fiz um teste pra trabalhar no Burger King, na cozinha (!), e me rejeitaram, disseram que meu Alemão ainda tá pouco, preciso aprender mais...

Agora que terminei o nível básico de Alemão (6 meses), tenho que aguardar o resultado da prova final. Se eu conseguir o certificado, e depois de traduzir e ter reconhecido meu diploma de faculdade, aí posso pensar em trabalhar na minha profissão. E há, da parte dos alemães, preferência por isso, em vez de eu pegar um emprego qualquer. Existe aqui, em várias cidades, um escritório para imigrantes que os ajuda gratuitamente a procurar emprego.

O que eu tô conseguindo é trabalhar pro Brasil e para os EUA, via internet. Mas é pouco trabalho e pouca grana, e assim seria se eu estivesse morando por aí. Essa é uma das razões para eu estar aqui. Trabalhei por 20 anos no Brasil, ouvi muitos elogios e, ao contrário do que normalmente deveria acontecer (os colegas estão aí pra confirmar), vi muito amadorismo na minha profissão, principalmente pelo fato de que ela não é reconhecida e permite que picaretas se aventurem nela; muitas vezes trabalhei sem ser registrado, porque o prometido antes não foi cumprido depois; e perdi muito dinheiro, mesmo até com causa ganha na justiça, por causa do "jeitinho brasileiro" de gente que nem merece ser citada. Alguém pode dizer "Eu sei de muitos casos assim." Só que eu não consigo achar isso normal, e cá estou.


Inté! Na próxima postagem, volto com fotos de viagens. E espero, em breve, poder contar sobre meu novo emprego.

No comments: